21 de novembro de 2014

O que é sentir

Tenho levado as coisas com a maior veracidade que posso submeter à vida de alguém.

Sinto-me exausta, o corpo cai-me no cansaço profundo, o corpo dói-me e a mente pesa-me. E mesmo assim quando quero dormir, não durmo. E quando adormeço por fim acabo por acordar.

Por mais que queira aproveitar o dia, ainda cabe direito à noite.
Tenho pensado, miseravelmente, em como não quero pensar em nada e tudo me chega à mente sem chamar.
Tenho pensado em como a minha própria mente me mente, me engana, manipula. E não me poderia sentir mais sozinha. Por mais que a minha rotina se faça rodeada de pessoas. Por mais que me ocupe.
Insisto em acreditar que momentos feitos não se repetirão. Estou a um braço do futuro e não o consigo agarrar.
Desta forma, não só o sono, o corpo ou o cansaço me doem, dói-me a alma, dói-me quem sou, doem-me os meus desejos e as minhas vontades e as esperanças inúteis de ser alguém que é tudo menos inútil.
Deixei de ver o espelho, porque o espelho deixou de representar um reflexo. Era como se o olhasse e não me pudesse ver, porque me deixei de querer ver. Porque a minha vontade suprema conduz o que devo ser ou fazer e porque os valores que me são incutidos ou que me incuto por mim mesma são estes:
Um mundo vestido de um céu cheio de tudo o que não se pode saber. Tudo o que sabemos está aqui mas é pouco e irreal porque cada um de nós vive uma fantasia feita à sua medida.
O meu país é um véu de ignorância, assim como o teu e o outro do lado e por aí fora. Nunca saberemos tudo nem pouco perto.
Ciência- Física, Aplicada, Experimental, Ciências Formais e Sociais, são nomes bonitos. O ser humano tem uma esperança média de vida, nos dias de hoje, de 80 anos. Haverá pessoas que perderão 64 anos dessa experiência, ou mais,  para provar ao mundo fatores que todos nós conhecemos, que contudo, não estarão teoricamente provados. É nisso que nos baseamos, um sistema de provas irredutíveis, no que toca à ciência, mas caros amigos, religião já é certa.

A "dor" é uma propriedade inexistente, absorvida apenas no nosso íntimo, julgando-a sentir sem termos a consciência de que se trata de uma mentira que nós próprios desenvolvemos.
Sentimos todos tudo e tanto mas o que é sentir?