27 de julho de 2019

A verdade é que quando crescemos, a determinado ponto, as coisas ganham outro peso, outro balanço. São menos complexas do que aquela fase em que teimamos ser o fim do mundo. Existem mais coisas, mais preocupações, mas o peso é completamente diferente.
Já não existe aquele relógio bomba constante do é ou não é de todo. Somos mais cautelosos. Cada passo é uma escolha e nós já não escolhemos arrasar com tudo de um dia para o outro.
A verdade é que, sendo assim, passamos a aceitar uma nova verdade. A felicidade já não é aquele pico que se atinge de x a x, e a tristeza não é algo que surge tanto como antes. No fundo, já não sentimos nada tão plenamente. As sensações difundem-se, acalmam, e nós passamos a sentir praticamente o mesmo todos os dias. Às vezes mais, outras menos. Mas é basicamente isso, se pudesse definir o que é ser adulto é isto, sentir sem grande euforia, nuns dias com muitas dúvidas, outras sem tempo para ter dúvidas do que quer que seja.
A determinado ponto é como se as pessoas nos fossem implementando um álbum de fotos de férias constante, e como se a nossa vida fosse sempre menos entusiasmante que a dos outros. Afinal de contas, só nos deitamos para descansar e só acordamos para trabalhar. Os objetivos são a vida mais a sério, e há dias em que nos questionamos se a queremos assim tão a sério ou se ainda vamos a tempo de a largar.
Ser adulto é aborrecido. Deixamos de ter dias específicos em que vamos sair à noite, em primeiro lugar porque estamos exaustos e trabalhamos cedo no dia seguinte, e em segundo, porque todos os nossos amigos agora fazem exatamente o mesmo. Portanto, pouco a pouco deixamos de os ver. Chegamos quase a esquecê-los, mas de vez em quando lá surgem as fotografias de férias.
O verão começa a chegar ao fim e apercebemo-nos que nem sequer apanhámos sol. E aqueles meses maravilhosos que antes pareciam uma vida, agora são só mais umas semanas de trabalho que passam a correr.

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